Quem é Raul Brito Mascarenhas?

Raul Mascarenhas, pai de António Mascarenhas,
considerado ainda hoje como um dos maiores pensadores do séc. XX,
reconhecido no âmbito do seu trabalho literário sobre o ramo do calçado
e de sonetos a objectos inanimados, nasce em 1924, na padaria de sua mãe,
entre massa cozida e fermento em pó.

Cedo mostra interesse em aprender, mas as dificuldades financeiras da
família impedem-no de prosseguir estudos, o que lhe permite enaltecer
o seu espírito criativo, e aos 12 anos escreve o seu primeiro texto sobre
objectos inanimados (aqui!). Revoltado pelo abandono de seu pai, Raul
é uma criança revoltada, angustiada e aluada ao sentido da vida. A fase
da sua adolescência é um período marcante no calçado - inicia uma vida
boémia e começa a frequentar as ilustres tabernas da Baixa Lisboeta,
desenhando inúmeros esboços ao que viriam a ser as primeiras
sapatilhas para pernetas. Muitas vezes discriminado pelas suas
ideias excêntricas, e marcado pela morte de sua mãe em 1943,
então com 19 anos de idade, remodela a antiga padaria de família,
criando a prestigiada empresa de calçado, A Naifa. Seis anos mais
tarde, a sua diversidade literária começa a ser reconhecida a nível
mundial, participando em diversos colóquios pelo mundo fora
sobre temáticas como 'o apoio do pé em sapatos de sapatilhas moles
em dias de chuva' ou 'a minha filha é rameira mas ao menos tem sapatos',
o que lhe permite inaugurar a sua empresa de calçado.
Casa-se, aos 34 anos, com Ermelinda Raposo, uma peixeira do mercado,
e tem um filho. Deixa-nos, prematuramente, aos 40 anos de idade,
depois de um triste acontecimento de engasgamento com
espinhas de salmão. Deixa-nos, porventura, um enorme legado
histórico-literário, de que serve este blog também para sua homenagem.

Um dos seus últimos trabalhos, bastante reconhecido entre
os bêbados da altura, é ainda um legado para os bêbados dos nossos dias:

Esperança

Sabão de rabanetes secos
que me matam de alumínio,
és confettis como o Brasil,
és vagina que enferruja.
*
Cedo te vi comer,
como um peido no abdómen:
deixei-te soltar e saltei,
semelhante a um tiro na testa.
*
Elevei a minha mão
em cima de pó fedio,
guardando essa tigela
não te masturbei na cozinha.
*
Depressa pus, depressa foca,
estiveste nua e foste salsicha:
não te direi cuecas lavadas
como o pude doce de uva.

Raul Mascarenhas, 
42/12/1963

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